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quarta-feira, maio 8, 2024
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Audiovisual em Mato Grosso vive momento especial

Está programado para 2021 o lançamento do filme “O Anel de Eva”, do jovem diretor mato-grossense Duflair Barradas, tendo como protagonista a atriz Suzana Pires. As filmagens terminaram recentemente e agora começa o processo de pós-produção – montagem, edição de diálogos, mixagem, correção de cores, finalização.

Até chegar a esse ponto em que o filme começa a se materializar, o caminho tem sido longo e os desafios muitos. A começar pelo roteiro, cuja primeira versão foi escrita em 2016. Durante o processo, o diretor e a produtora executiva, Gisela Magri Barradas, participaram de várias atividades do Projeto Audiovisual Sebrae, iniciado em 2017 com vistas a aumentar a competitividade e sustentabilidade da cadeia de audiovisual de Cuiabá.

Duflair conta que em 2017 e 2018 passaram pelo 1° MT Lab e Lab de Negócios, que o Sebrae promoveu. “A gente recebeu pareceres de consultores de roteiro, de direção, produção executiva e, com base nessas informações, conseguimos seguir um novo rumo para o roteiro. Antes era voltado para um público mais infanto-juvenil e adulto (até 30 anos). Após essas consultorias e seguindo uma vontade minha de levar o roteiro para uma nova realidade, o filme ser tornou um pouco mais pesado, um drama mais adulto. Essas duas consultorias serviram para abrir portas e nos levaram a seguir outro caminho”, descreve.

Ele reconhece que se trata de um processo de maturação do filme. “Se eu tivesse rodado meu primeiro roteiro, teria um filme bom, mas não seria tão bom como eu tenho hoje. É muito mais denso, mais rico, e isso foi possível também graças à capacitação que o Sebrae ofereceu, a parte das consultorias nos Labs, que são muito importantes. O Sebrae trouxe roteiristas e produtores executivos com bastante experiência do Rio e de São Paulo, que indicaram o caminho certo para a gente.

Nas capacitações de 2017 e 2018, já vieram os cineastas Lais Bodanzki, Toni Venturi, Sônia Rodrigues, entre outros.

A gestora do projeto Paula Grasielle Leal Bruehmueller destaca que num primeiro momento foi trabalhada a sensibilização para melhorar a qualidade técnica dos projetos. “Depois a gente aprofundou nas capacitações, trazendo mais conteúdo, maior carga horária e de forma mais abrangente, falando desde empreendedorismo a gestão na produtora, aspectos jurídicos, comercialização e distribuição e instigamos também a começar a pensar em inovação”, resume.

Segundo Paula, a estratégia para esse ano é trabalhar em três eixos: capacitação, acesso a mercados e inovação. “Vamos continuar trabalhando capacitação, só que ainda de forma mais profunda”.

Dificuldades

Segundo a produtora executiva do filme “O Anel de Eva”, Gisela Magri Barradas, foi bem complexo fazer os ajustes necessários por conta das alterações do roteiro. “O filme teve um upgrade bem significativo pelo roteiro novo, inclusão de muitos bichos, cenas de adestramento, montaria e foi bem trabalhoso fazer com a verba original, que era de 2016”, conta.

Para tanto, ela conta que fez de todo o possível para usar mão-de-obra do mercado local. Das cerca de 50 pessoas envolvidas diretamente na produção (fora os atores), apenas cinco vieram de fora, porque eram cargos muito técnicos que não havia disponibilidade aqui. “Na medida do possível, usei mão-de-obra local e os fornecedores também, praticamente todos daqui, foi raro pedir alguma coisa de fora. Tudo para fomentar o mercado de MT”, detalha.

Gisele destaca que o Sebrae tem investido muito na formação profissional do setor. Segundo ela, cinema em Mato Grosso é algo novo e todo mundo precisa se preparar para essa nova fase, para esse novo leque de oportunidade que está se abrindo com as verbas da Ancine para Mato Grosso.

Tão logo o filme esteja finalizado, vem o trabalho de lançamento e distribuição e comercialização. Duflair conta que assinou com a distribuidora ELO Company, depois de um pitch no Rio2C, também através de uma missão organizada pelo Sebrae. “A gente apresentou o projeto num pitch e essa distribuidora quis comprar. É mais um apoio que o Sebrae deu. É uma distribuidora mais forte, que tem mais peso no mercado e vai conseguir posicionar o filme melhor comercialmente”.

O filme traz a protagonista em busca de sua identidade. Na história, a personagem tem como pai biológico um oficial nazista que foge depois da Segunda Guerra Mundial e se esconde no interior de Mato Grosso. Após a morte de seu pai adotivo, Eva Vogler é surpreendia ao receber um relicário acompanhado de um bilhete e objetos incomuns que remetem às suas origens. Isso dispara diversos conflitos, internos, e externos que levam a um drama de identidade.

Sobre a atividade, o diretor reforça que fazer cinema no Brasil todo é difícil, não é exclusividade de MT. Aos 30 anos, ele trabalha com audiovisual há 12 anos e o cinema foi um caminho que foi surgindo meio espontaneamente na sua vida.

“Esse é um caminho que eu vou seguir mesmo, não vou parar com o primeiro filme”, conclui.

Projeto apoia cadeia

Para aumentar a competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos ligados à cadeia do audiovisual de Cuiabá, o Sebrae desenvolve projeto que aposta no desenvolvimento da cadeia em Mato Grosso e na geração de negócios no setor.

Para tanto, as estratégias usadas são capacitar os empresários e seus colaboradores nos aspectos de gestão empresarial; estimular o acesso a novos mercados nacionais e internacionais; e promover o acesso às principais tendências e inovações.

Neste ano, 15 empreendimentos participaram da Rodada de Negócios com 24 reuniões agendadas e um volume negociado 30% maior do que no ano anterior, o que demonstra uma melhoria da qualidade dos projetos locais.

Entre as ações de 2019, destaque ainda para a Capacitação FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), ocorrida em março; Lab Estratégicas de Negócios, em parceria com a Bravi (Brasil Audiovisual Independente); missão Rio2C, de 23 a 27 de abril; curso de Produção Executiva, em maio, e o mais recente, o curso de Controller para Projetos Audiovisuais, ocorrido em junho, tendo sido ministrado por uma das grandes especialistas brasileiras na área, Tina Remedios. Ela atuando há mais de 20 anos no mercado audiovisual, tendo participado de produções premiadíssimas, entre elas os filmes “Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles, “Xingu”, de Cao Hamburger, e “Que Horas Ela Volta”, de Anna Muylaert, além de séries para tevê.

Ela destaca que o controller é uma função muito especializada do cinema e que existe uma demanda muito maior do que a quantidade de controller disponível no mercado, mesmo em centros como São Paulo e Rio de Janeiro.

 “Tem que seguir a legislação cinematográfica que é enorme e muito complexa. O controller olha cada documento fiscal, vê se está tudo de acordo com as normas da Ancine, da Receita Federal, do Ministério do Trabalho, se está tudo certinho antes de pagar. Ele já prepara também a prestação de contas”.

Para a cineasta Tati Mendes, que atua ao lado de Amauri Tangará em inúmeras produções – muitas delas premiadas – o curso de controller é da maior importância. “De tudo que a gente vem desenvolvendo através do Sebrae, este foi o curso mais importante. Não que os outros não tenham sido, porque são etapas, mas a prestação de contas é fundamental. Infelizmente, as pessoas não nos informam direito como fazer, mesmo havendo instruções normativas, é muito importante ter uma pessoa com a experiência da Tina para nos ajudar”.

A produtora cultural Keiko Okamura destaca que a profissão de controller não era exercida dentro do segmento de audiovisual de Mato Grosso. “A gente misturava um pouco a função de produtor executivo com controller. No curso vimos que é necessário separar e atuar especificamente somente no controle do orçamento”.

Ela ressalta a responsabilidade de usar recursos públicos. “Gerenciar isso não é fácil, ainda mais quando se trabalha com mais de uma fonte, é muito complicado de fazer. No curso, a Tina nos mostrou a maneira correta de fazer a prestação de contas. Essa é uma área que a gente ainda está patinando porque começamos a utilizar recursos da Ancine há pouco tempo. O guia da prestação de contas é enorme e cheio de instruções normativas, então tem que estar por dentro de tudo isso e saber direcionar corretamente os recursos”, constata.

A agenda de atividades planejadas para 2019 inclui ainda encontro de negócios, marcado para setembro; evento de inovação, em outubro; e a capacitação mercado internacional, visando preparar as produtoras para acesso aos players da indústria audiovisual, buscando promover coproduções internacionais, financiamento e distribuição de conteúdo latino-americano.

Segundo registros da Agência Nacional do Cinema (Ancine), existem em Mato Grosso 84 produtoras de audiovisual, sendo 64 em Cuiabá, com faturamento médio anual de cada uma delas entre R$ 300 a R$ 500 mil.

Entre 2016 e 2018, por meio de editais de fomento realizado pelo Estado e município em parceira com a Ancine e FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) por meio de Arranjos Regionais foram investidos no audiovisual mato-grossense mais de R$ 11 milhões para a produção de 23 filmes (entre curtas, longas e pilotos e séries).

O volume de negócios gerados nos primeiros meses de 2019 aos clientes participantes do Projeto Audiovisual Sebrae atinge a cifra de R$ 32 milhões, por meio de missões técnicas e encontros de negócios realizados pelo Sebrae MT.

Fonte: Sebrae MT

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