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quarta-feira, abril 24, 2024
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Adolescentes em conflito com a lei concluem curso de capacitação em Mato Grosso

Quando comecei este curso, um cara chamado Evaldo foi lá na sala falar pra gente ir além. No início, eu não entendia muito bem o que ele queria dizer com aquilo. Ir além pra mim era outra realidade. No meu mundo não havia essa possibilidade. Mas quando eu comecei a ir todos os dias, eu fui descobrindo o que ele queria dizer com aquela frase: ir além. Durante o curso, aprendi muita coisa e hoje sei o que é ir além. Ir além pra mim é correr atrás dos nossos sonhos, é lutar todo dia pelo que a gente quer. Ir além é desanimar às vezes, mas também não desistir nunca. Hoje eu sei que ir além é sonhar, sorrir, chorar também, mas lutar sempre com a certeza que Deus não abandona a gente. Obrigada a todos que me ajudaram a ir além. Muito obrigado!”.
Foi com essas palavras que um dos 29 adolescentes que concluíram o curso de operador de computação, oferecido pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em parceria com o Poder Judiciário de Mato Grosso (PJMT), agradeceu a oportunidade que teve de enxergar novos horizontes para sua vida, ao ter contato com um dos agentes da infância, profissional que acompanha o cotidiano de menores em conflito com a lei, orientando, ajudando nas questões escolares, profissionais e familiares.
A cerimônia de entrega de certificados, foi marcada por palavras de motivação e superação, não só dos alunos, mas de todos os envolvidos, já que esta foi a maior turma já formada pelo Centro de Medidas Socioeducativas (Cemso) da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá.
A juíza Cristiane Padim iniciou o evento com uma dinâmica em que todos se levantaram e, com as mãos em punho, repetiram várias vezes as palavras; “Eu quero, eu posso!”. “Essa conquista que é unicamente de vocês e por esforço de vocês. O que nós fazemos é apoiar, é orientar. O esforço é todo de vocês porque vocês se permitiram e espero, de coração, que continuem a se permitir fazer escolhas diferentes, escolhas baseadas em conhecimento, principalmente que vocês adquiriram durante esses dois meses. Desejo sucesso a vocês e espero, de coração, que vocês tenham internalizado e aprendido que quando a gente quer algo, a gente faz acontecer”, aconselhou aos formandos.
A gestora do Cemso, Alciane Rodrigues, atribuiu o sucesso do curso à união de esforços de cada um. “Eu acredito que foi um trabalho conjunto de todo mundo, dos adolescentes, principalmente, que houve a conscientização deles, da família, dos agentes da infância, do pessoal do Senai, que nos ajudou muito”, destacou.
De acordo com a instrutora do Senai no curso de operador de computação, Vanessa de Lourdes da Silva, os adolescentes encaminhados pela Justiça da Infância e Juventude apresentaram bom desempenho e, com a capacitação, poderão sair à frente no mercado de trabalho. “Como em todos os cursos, a gente tem alunos que têm um pouco mais de facilidade e outros mais dificuldade. Mas eu acredito que o desempenho final deles foi muito bom. Eu consegui identificar talentos, eles são muito inteligentes, tiveram um bom resultado”, avaliou.
A juíza Cristiane Padim, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, observou que, além do curso oferecido pelo Senai, o Poder Judiciário também mantém outras parcerias que visam a reinserção de jovens em conflito com a lei na sociedade. Dentre eles, estão vagas em instituições de ensino superior, estágio remunerado no Fórum e na Prefeitura de Cuiabá, práticas restaurativas ofertadas pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Infância e Juventude, como constelação familiar, círculos de paz e oficinas de pais e filhos.
Segundo a magistrada, todo trabalho é feito visando dar oportunidades para que esses jovens percorram novos rumos. “Esses projetos influenciam diretamente na diminuição da reincidência porque a gente percebe que eles acabam, na maioria das vezes, escolhendo diferente. Trocam a escolha do ato ilícito pela escolha do ato lícito, como o trabalho, por exemplo”, destaca a juíza.
Fonte: Fiemt

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